quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Lenda

      O Major Cezimbra Jacques, que nasceu em Santa Maria, foi quem deu desenvolvimento a esta lenda, que também foi acolhida por João Belém:
Índios minuanos, seduzidos pela beleza e delícias do local, vieram acampar em uma região que chamaram de Iguitorí, "terra da alegria", em campos onde fica a atual cidade de Santa Maria.
     O cacique da tribo era o valente Japacani, "águia", que possuía como esposa a bela Ibotiquintã, "botão em flor". O casal teve uma criança: Imembuí, "filha da água", assim chamada porque nasceu às margens de um arroio, onde a linda mulher do chefe indígena fora tomara banho.
     Mais bonita que a própria mãe, Imembuí cresceu sendo adorada por toda a tribo.
     Passado algum tempo, Japacani, convocado, viajou para encontrar-se com Taguatoberá, "gavião dourado", respeitado e poderoso cacique da nação minuano, que morava, com seu povo, nas fraldas da Serra de Aceguá, em Bagé, a caminho dos campos do Uruguai.
    Terminado o "Monohonga", a Assembléia dos Povos Indígenas, Japacani que viera na companhia da mulher e da filha, regressa para cumprir a missão que lhe coubera, pois as tribos preparavam-se para a guerra contra os bandeirantes.
     A tarefa que lhe foi distribuída, consistia em atrair para a causa da união das tribos, o cacique Ibitiruçu, Serraria, dos Tapes, que não se submetera aos padres da Companhia de Jesus.
     Obtida a aliança dos tapes, minuanos e charruas, passaram-se a exercitar na arte da defesa, sob o mando de Icupuiaiara, "senhor das boleadeiras".
     Mas, no decorrer de tantas caminhadas e reuniões, Imembuí veio a conhecer Acangatu, "boa inteligência", jovem tape, filho de uma irmã do cacique Ibitiruçu de nome Puicaça Poranga, "pomba formosa".
     A paixão do jovem tornou-se uma obsessão, entretanto, a bela Imembuí, embora muito amiga, o tratava como irmão, "che quibui".
     Festejavam os índios os bons fados que os deixavam unidos, quando os paulistas que vinham da Colônia do Sacramento, atraídos pelas fogueiras, danças e ritos, caíram sobre os indígenas.
     Os nativos, mais numerosos e aguerridos, derrotaram os bandeirantes e dos prisioneiros que iam ser levados à morte encontrava-se um jovem branco muito atraente, que imediatamente foi chamado pelas índias de Angaturã, "o belo".
     Não demorou para que Imembuí e Angaturã se apaixonassem perdidamente. A índia então, teve a coragem de pedir a seu pai que concedesse ao bandeirante a liberdade.
     Reuniu-se a Assembléia dos Guerreiros, e estes, porque tinham muita amizade por Imembuí, concederam a satisfação de seu pedido, sob a condição de que Rodrigo (este era seu verdadeiro nome) deveria acompanhar a tribo. Os jovens, em seguida, casaram-se.
     Acangatu, coitado, quase morreu de paixão, mas como era um homem de bom coração e ainda, vendo que nada mais poderia fazer para conquistar o coração de sua amada, desapareceu dos olhos de todos, embrenhando-se na mata, para nunca mais voltar.
     O jovem branco, "Morotin", para os índios, foi muito feliz com sua jovem esposa e t rabalhou muito para o engrandecimento da tribo. Ele viajou, realizou bons negócios, comprou, trocou e melhorou as condições econômicas dos índios aos quais pertencia sua mulher.
     Passaram-se muitos anos, outra vez, e eis que um dos filhos já de dezoito anos, perdera-se, à noite, dentro da mata, onde foi achado pelo irmão de criação de sua mãe, justamente no momento que um tigre avançava sobre o rapaz.
     Voltaram então, o jovem com Acangatu para junto de Imembuí e Morotin.
     E foi assim, que todos viveram como bons amigos, até morrerem de velhos...
     E aqui acaba a história de Imembuí, "símbolo de graça", que foi aquela que reuniu em torno de si àqueles que primeiro povoaram Santa Maria.

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